Suficiente
"Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim."
(2 Coríntios 12:9)
Certa vez, em uma das minhas idas ao médico, levando meu filho pequeno para tomar suas vacinas, passei por uma das experiências mais marcantes na vida de um pai. Eis o momento doloroso em que a enfermeira me pede para segurar meu filho bem firme enquanto ela prepara a seringa, e eu preciso ouvi-lo gritar, chorar e implorar para que o solte. Enquanto o segurava entre minhas pernas, seu rosto se virava para mim, seus olhos cheios de lágrimas imploravam misericórdia, ao mesmo tempo em que ele dizia: "Por favor, pai, não deixa! Me tira daqui!". Ora, o que um pai amoroso faria nesse momento? Como continuar segurando-o enquanto estranhos ferem seu filho e o fazem sofrer? Eu não sei vocês, mas tive que conter meu sentimento de pena e olhá-lo nos olhos com uma certa frieza, dizendo: "Não, filho, é para o seu bem". Pode não parecer, meu filho não entendeu e não reconhecerá isso de imediato, mas foi um ato de amor.
É basicamente nisso que consiste a angústia do cristão; implorar ao nosso Pai amoroso que nos livre da dor, que não permita que soframos, choramos e suplicamos ao Deus de Misericórdia que nos acalente. No entanto, ouvimos de sua boca um fatídico: 'não'. Talvez um silêncio ensurdecedor, como se pouco importasse o som de nosso clamor. Muitas vezes, não somos capazes de ouvir ou compreender a Sua doce voz nos dizendo: "A minha Graça te basta".
Mas, assim como meu filho não entendia a importância daquela vacina, muito menos o motivo de seu querido pai deixar outro estranho machucá-lo, não compreendemos a real dimensão das Obras de Deus. Somos limitados em nossa compreensão de sua vontade, coisas que estão fora de nosso alcance. Mesmo assim, por amor a Cristo, permanecemos. É lícito pensar que, se eu tivesse acatado a súplica de meu filho, soltado ele, pedido que parassem e fosse embora com ele pra casa, talvez até parasse pra tomar um sorvete no caminho, eu seria um péssimo pai. Se Deus nos desse tudo que pedimos em oração, isso seria o nosso fim; da mesma forma que, se déssemos tudo que nossos filhos pedem, provavelmente eles não viveriam muito tempo. Somos completamente dependentes do Senhor, não sabemos nem dar um passo sem que suas mãos graciosas nos guiem, sem tombar para os lados e nos ferir na queda. Paulo teve seu pedido negado pelo seu Senhor, e isso foi um ato de amor. O apóstolo, por incrível que pareça, compreendeu isso. Por que é tão difícil para nós compreender? Ele conseguiu visualizar que sua fraqueza era sua maior força, pois lhe possibilitava enxergar com mais clareza sua dependência de Cristo e que, sem Ele, ele não era nada. A "vacina" que Deus estava dando em Paulo era para tratar seu orgulho, e foi tão eficiente que, ao invés de murmurar, Paulo se alegrou ainda mais; ele pôde regozijar em sua fraqueza.
Jhonatta H.


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