Cansei
"E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos."
(Galatas 6:9)
Pobre menino José, mal sabia o que lhe esperava. "Lá vem aquele sonhador", diziam seus irmãos, enquanto planejavam sua morte. Depois de rasgarem sua bela túnica recém-presenteada pelo pai, jogaram-no num poço e o venderam como escravo. Sorte a dele, que Deus tinha seus próprios planos.
Ao contemplarmos a história de José, ficamos encantados com o agir de Deus na vida desse homem fiel, um simples camponês se tornando governador de um dos maiores impérios do mundo; é uma história e tanto. Mas o que mais nos atrai nessa narrativa é que somos tomados por um senso de identificação com José. É como se fôssemos jogados em poços por pessoas que amamos e confiamos, como ser acusado por coisas que não fizemos; como José, acusado de ter se deitado com a mulher de Potifar. É fácil se identificar com os mocinhos, principalmente quando esse mocinho sofre injustamente como José. Pobre homem.
No entanto, o que torna difícil nos identificarmos dentro dessa história é que José não demonstrou nenhum cansaço durante sua vida, nenhuma gota de murmuração saiu de sua boca, não o vemos lamentar a Deus com os punhos cerrados ao céu, praguejando por ter tido aquele fatídico sonho, nem mesmo o vemos deixar de fazer o que considerava certo, por estar apenas colhendo espinhos em sua vida. Ele poderia ter dito: "Cansei, Deus! Eu não aguento mais!", eu teria me identificado. Ele poderia ter ignorado ajudar o copeiro com seu sonho, afinal, o que ele ganharia com isso? Pois o mesmo praticamente se esqueceu dele. Quem não se cansaria de fazer o bem nessa situação, sinto que não consigo me identificar com isso. É linda a história de José, mas eu confesso: eu já teria me cansado.
Não descarto que José tenha tido seus momentos de desespero e clamor a Deus em suas angústias. Contudo, não vemos mudança nem variação alguma em suas atitudes quanto a permanecer fazendo o bem, ajudando o próximo e sendo fiel a Deus em tudo. Pode ser fácil se identificar com sua dor, mas é difícil nos espelharmos em suas atitudes. A Bíblia está repleta de histórias de homens e mulheres que não desanimaram e permaneceram fazendo o bem em todo o tempo, mesmo que esse bem só lhes trouxesse mal. Afinal, essa é a praxe da vida cristã. Somos rodeados de provações, para testar nossa fé, a fim de confirmar se ela é real ou apenas circunstancial, se fazemos o bem por amor a Deus e gratidão às suas obras, ou se buscamos apenas o reconhecimento humano. É nessas horas que separamos os "homens dos meninos".
Se você tem se cansado de viver fazendo o bem e, em troca, só levou desprezo e ingratidão, saiba que além de José, temos um Senhor que passou pela mesma coisa e não se cansou, não desistiu. Jesus viveu debaixo de desprezo, humilhação e injustiça que nenhum outro homem jamais viveu, isso levando em consideração que Ele era sim, completamente inocente, sem qualquer culpa sobre absolutamente nada. Mas o que temos em comum nas histórias de José e Jesus é que ambos colheram os frutos de seu árduo trabalho, pois não desfaleceram nem desanimaram, fizeram o bem conscientes de seu galardão.
Somos provados, mas se aprovados, somos também recompensados, por isso não se canse, não desanime. Como diz o lindo cântico de romagem do salmista: "Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão." (Salmos 126:5).
Jhonatta H.



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